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ASTRONOMIA
NO CELESTIA
Porque
as estrelas têm cores diferentes?
por Wilson Guerra
Olhar para o céu
numa noite dia limpa de verão, afastado das luzes da cidade, e
com pouco vento é uma ótima oportunidade de se fazer belas
observações astronômicas a olho nu, sem exigência
de equipamentos caros ou instrumentos sofisticados.
Numa primeira análise, pode-se constatar algo sobre as estrelas:
as suas cores. A grande maioria constituem pontinhos brancos no negro
céu noturno. Outras são palidamente azuis. Mas é
muito fácil achar outras com colorações bem diferentes,
tendendo para laranja e até avermelhadas.
Qual fator as fazem possuir diferentes colorações? As análises
dos astrônomos e cosmólogos mostram que todas estrelas são
basicamente constituídas de hidrogênio. Então se o
elemento predominante é o mesmo para toda estrela, não é
sua constituição química que está influenciando
a cor no qual as enxergamos aqui na Terra.
No início de 1900, um matemático alemão chamado Max
Planck resolveu um problema na física que era chamado de "radiação
do corpo negro". Sua teoria confirmava, dentre outras coisas que
deram origem à física quântica, que os corpos quando
aquecidos emitiam radiação eletromagnética em vários
comprimentos de onda diferentes, mas com predominância de algumas
freqüências específicas. Quando, por exemplo, aquecemos
uma barra metálica, ela começa a emitir radiação
eletromagnética em vários comprimentos de onda, mas com
uma intensidade maior na faixa do infra-vermelho. Se aquecemos mais ainda,
a faixa de freqüências predominante sobre, e atinge a faixa
da luz visível: é quando vemos o metal brilhando em vermelho.
Ao aquecer ainda mais, ele passa a ter um brilho amarelado, e assim vai,
supondo que o mesmo suporte o calor e não derreta.
O que acontece na superfície das estrelas é muito parecido
com o exemplo anterior, da barra metálica aquecida. As camadas
externas do nosso Sol, por exemplo, são aquecidas pela estrondosa
energia gerada pelas reações termonucleares no centro daquele
astro, e então passa a emitir radiações eletromagnéticas
em várias freqüencias. Elas vão desde ondas de rádio,
infra-vermelho, passam pela luz visível, até a faixa do
ultra-violeta. Essas radiações são mais intensas
na faixa da luz visível, com leve predominância da cor amarela.
Por isso o Sol é levemente amarelado.
Assim, analisando essa faixa de luz emitida com mais intensidade, os físicos
chegam a uma estimativa da temperatura da superfície externa do
Sol, que gira em torno dos 5860 graus kelvin, ou um pouco mais de 6000
graus Celsius.
A estrela Betelgeuse, que fica na constelação de
Órion (do qual as Três Marias fazem parte) é uma estrela
avermelhada. Sua temperatura externa e gira em torno dos 3580 graus Kelvin,
ou 3850 graus Celsius. É por ter uma temperatura inferior à
do Sol que Betelgeuse possui uma coloração diferente, tentendo
para o vermelho.
Alnilam, a estrela do meio das Três Marias, corresponde a
um caso oposto. Ela é azulada, evidenciando que há uma predominância
da freqüência correspondente à cor azul na radiação
eletromagnética emitida pela sua superfície pela conseqüência
do aquecimento no qual está submetida. Isso leva a incríveis
30000 graus Kelvin, ou mais ou menos 30273 graus Celsius para esta estrela.
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USANDO O CELESTIA :.
Podemos usar o recurso de telas múltiplas no Celestia para colocar
"cara-a-cara" diferente estrelas e comparar suas colorações,
relacionando com suas temperaturas.
Para isso, use "Ctrl+R" e "Ctrl+U" como
lhe convier para dividir a tela em três quadros e, selecionado quadro
a quadro (com o TAB ou simplesmente dando um clique com o mouse
sobre eles), entre com o nome das estrelas correspondentes (pressionando
o Enter para abrir o campo para digitação do nome
do astro) e "viage" até cada uma delas com a tecla "G".
No exemplo da figura abaixo, foram selecionados o Sol (esquerda), Alnilam
(acima) e Betelgeuse (abaixo).
Na comparação,
o Sol a esquerda, e as estrelas da constelação de Órion
Alnilam, acima, e Betelgeuse, abaixo. Quanto mais quente a estrela, mais
azulada sua coloração. Quanto menos quente, mais se avermelha.
O Sol, portanto, corresponde a uma situação intermediária
de temperatura neste caso.
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