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ASTRONOMIA
NO CELESTIA
O
céu noturno visto de diferentes cidades do Brasil
por Wilson Guerra
Dependendo do ponto
de planeta onde estamos, vemos um céu diferente. Nem todas as constelações
que uma pessoa em Berlin na Alemanha vê são visíveis
por alguém em São Paulo, por exemplo. Claro, como a Terra
tem uma forma praticamente esférica, cada latitude (que mede angularmente
a distância ao equador) expõe-nos a uma determinada área
da esfera celeste. Não é difícil, portanto, imaginarmos
o inverso: se olhamos para o céu podemos descobrir em que latitude
do planeta estamos.
Foi esta característica do céu - a de ser diferente dependendo
de onde é observado - que permitiu, dentre outras técnicas,
a orientação das primeiras embarcações européias
mar adentro, culminando nas Américas, na África e na Índia.
A posição das estrelas e constelações conhecidas,
vistas sob determinados horários a noite, acabavam denunciando
a latitude que as caravelas haviam alcançado. Ainda hoje, mesmo
dispondo de tecnologias mais sofisticadas como o GPS, a observação
do céu noturno pode vir a fazer diferença em situações
não previstas, em que um piloto de avião ou uma expedição
exploratória, por exemplo, precisa se localizar em caso de seus
aparatos tecnológicos não estarem operantes por algum motivo.
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USANDO O CELESTIA :.
No Celestia,
a opção "Goto Object" do menu "Navegation"
nos permite escolher uma coordenada geográfica exata de qualquer
planeta ou corpo celeste na simulação.
Selecionando a Terra (tecla "3") e indo à opção
"Goto Object" do menu "Navegation",
entre com as coordenadas geográficas de Fortaleza: latitude -3.88
no campo "Lat." e longitude -38.66 no campo "Long.",
e clique em OK. Agora use as teclas de atalho "Ctrl + G" para
ir até a superfície do planeta nas coordenadas dadas - no
caso, as coordenadas de Fortaleza, capital do Ceará. Ative a exibição
das constelações (tecla "/") e de seus nomes (tecla
"=") para se localizar melhor. Pronto, estamos vendo o céu
como é visto na cidade de Fortaleza (certifique-se de ter configurado
um horário noturno no Celestia, pela opção "Set
Time" do menu "Time"). Use as setas do teclado numérico
para mover a visão para outras direções. Acionar
a exibição da grade celeste (tecla ";") ajuda-nos
a achar o eixo polar sul, que é o ponto onde as grades convergem.
Repita o processo para outras cidades brasileiras e veja a diferença
do céu noturno entre elas. Como sugestão: Brasília,
latitude -15.78 longitude -47.91; São Paulo, latitude -23,46 longitude
46.60; Porto Alegre, latitude -30.16 longitude -51.35.
Para facilitar a visualização de mais contelações,
pode ser conveniente simular visão telescópica num fator
próximo de meio. Para isso, use a tecla de "maior" (">")
até o indicador no canto inferior direito chegar a um valor de
aproximadamente 0.50x.
Simulação do céu de Fortaleza, às 22h:30min
de 24 de dezembro. Observe que o eixo polar sul (onde a grade celeste,
em linhas verdes, se cruzam) está bem próxima do horizonte.
Esse é o ponto onde todas as estrelas, e enfim, a esfera celeste,
gira durante o chamado movimento diurno. Note que o Cruzeiro do Sul não
está visível, pois ainda se encontra abaixo do horizonte).
Simulação
do céu de Brasília. Observe que o eixo polar sul já
não se encontra tão próximo do horizonte como em
Fortaleza, apesar de estarmos no mesmo dia e horário (22h:30min
de 24 de dezembro). O Cruzeiro do Sul começa a "nascer"
no canto inferior esquerdo da tela.
Simulação
do céu de São Paulo. O eixo polar sul se encontra ainda
mais distante do horizonte do que o visto em Fortaleza e Brasília.
O Cruzeiro do Sul (Crux, abaixo a esquerda) já está quase
todo visível. O horário e o dia são os mesmos, ou
seja, 22h:30min de 24 de dezembro.
Simulação
do céu de Porto Alegre. O eixo polar sul se encontra bem mais distante
do horizonte do que o visto em Fortaleza, e também é superior
ao do visto nas cidades de Brasília e São Paulo, que têm
também latitudes menores. O Cruzeiro do Sul (Crux) é integralmente
visível nesta latitude.
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