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ASTRONOMIA
NO CELESTIA
Tritão:
uma lua rebelde
por Wilson Guerra
Tritão é
uma da várias luas do planeta Netuno. A sonda Voyager, da Nasa,
enviou à Terra pela primeira vez algumas imagens deste belo satélite
natural antes de iniciar sua jornada rumo às fronteiras do Sistema
Solar.
Mas mesmo antes dos desbravamentos da Voyager pelos domínios do
Sol, uma curiosidade pairava sobre Tritão. Sua órbira parecia
muito diferente com a habitual para os outros tantos satélites
naturais conhecidos do nosso sistema planetário. E isso se deve
a três fatores.
Primeiro: como os astrônomos acreditam que Netuno e suas luas se
formaram basicamente de uma mesma massa de matéria girante, era
de se esperar que tanto o movimento de translação das luas
como o próprio movimento rotacional de Netuno fossem no mesmo sentido,
e que as órbitas dessas luas estivessem praticamente contidas num
mesmo plano. Mas, semelhantemente a Plutão, a órbita de
Tritão está totalmente fora do plano definido pelas outras
luas internas de Netuno. A inclinação em relação
às demais órbitas da luas interiores a Tritão ultrapassa
os 20 graus.
Em segundo lugar: Tritão translada em sentido retrógrado,
ou seja, em sentido oposto ao de todas as outras luas do planeta. Então,
enquanto todas se movem para um lado, Tritão vai para o outro.
E em terceiro lugar, Tritão é um satélite regular.
Por satélite regular entende-se uma lua semelhante à nossa,
com diâmetro de mais de um quilômetro e formato esférico.
Geralmente quando há satélites naturais com órbitas
excêntricas e outras peculiaridades, estes são irregulares,
amorfos e relativamente pequenos. E essas não são características
de Tritão.
A hipótese aceita hoje é que Tritão pudesse ser um
objeto externo ao sistema solar no passado, como um grande asteróide
do Cinturão de Kuiper, um cinturão de asteróides
localizados além da órbita de Netuno, e que tenha sido capturado
pela considerável força gravitacional do planeta. Esta hipótese
é reforçada por se saber hoje que Tritão se aproxima
de Netuno e daqui alguns milhões de anos irá se colidir
com ele, ou se despedaçará antes devido as influências
gravitacionais do planeta, formando um sistema de anéis.
Talvez alguma missão futura, com uma sonda enviada para Netuno,
possa sobrevoar Tritão e nos enviar mais dados para um dia solucionarmos
seus segredos.
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USANDO O CELESTIA :.
Selecionando Netuno (tecla "9"), pressione "G"
para viajar até ele e centralizando-o na imagem (tecla "C"),
habilite a exibição das órbitas (tecla "O")
e afaste a visão convenientemente (tecla "END").
Se desejar, selecione Tritão (pressione "enter"
e digite "Triton" no campo correspondente, pressionando "enter"
mais uma vez para confirmar) para que sua órbita se destaque em
vermelho. Para exibir os nomes das luas, pressione "M".
Podemos ver a inclinação do plano da órbita de Tritão
com as demais luas de Netuno fazendo giros sobre a imagem (use teclas
"SHIFT"+setas ao mesmo tempo).
As órbitas
das luas de Netuno (em vermelho a de Tritão), vistas "de
cima". Nessa situação, se acelerarmos a simulação
do tempo (tecla "L"), podemos ver que o movimento
de Tritão se dá ou sentido contrário ao das
outras luas. Ou seja, é um movimento de translação
retrógrado.
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As órbitas
das luas de Netuno, vistas "de lado". Note a inclinação
da órbita de Tritão (em vermelho) em relação
às órbitas dos demais satélites. Essa irregularidade
é uma evidência de que Tritão pode ter sido
mais um corpo celeste externo capiturado pela atração
gravitacional de Netuno.
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